27.2.07

Loucos de Lisboa


Parava no café quando eu lá estava
Na voz tinha o talento dos pedintes.
Entre um cigarro e outro lá cravava
a bica, ao melhor dos seus ouvintes.

As mãos e o olhar da mesma cor
Cinzenta como a roupa que trazia,
Num gesto que podia ser de amor
Sorria, e ao partir agradecia.

São os loucos de Lisboa
Que nos fazem duvidar.
A Terra gira ao contrário
E os rios nascem no mar.

(...)

Mudámos muita vez de calendário
Como o café mudou de freguesia
Deixamos de tributo a quem lá pára
Um louco a fazer-lhe companhia.

É sempre a mesma posse o mesmo olhar
De quem não mede os dias que vagueam
Sentado lá continua a cravar
Beijinhos as meninas que passeiam.
(...)

Ala dos Namorados

1 comentário:

célia disse...

loucura..que bom é sentir te vizinha, neste acreditar, que a terra gira ao contrário.